27/08/2006

ESTA SEMANA

ARRÁBIDA
Os malandros dos pescadores de Sesimbra e de Setúbal andavam a estragar a biodiversidade da Arrábida e por isso o governo socialista que temos viu-se obrigado a criar legislação para os proibir de se aproximarem a menos de 450 metros da costa.
A preocupação demonstrada pelo secretário de estado (discípulo do Sócrates) vai ao ponto de querer também preservar as pedreiras e de pressionar a cimenteira do Outão para avançar rapidamente com a co-incineração de resíduos industriais perigosos, pois essas actividades fazem muita falta à fauna e à flora da Arrábida, para já não falar nos seres humanos que vivem à sua volta.
E não venham os chico-espertos das Câmaras Municipais, das Associações Ambientalistas e de Moradores ou os Movimentos de Cidadãos quererem novos estudos de impacte ambiental, porque isso já foi feito no século passado e ia dando mau resultado, não fosse terem sido manipulados para o lado que melhor servia os interesses de quem os mandou fazer.
Quem não teve esta visão tão angelical e decidiu contrariar a tão bondosa vontade do Governo em lançar gratuitamente para a atmosfera as partículas provenientes da co-incineração, foi aquele senhor que preside à Câmara Municipal de Coimbra, que ao proibir a circulação de viaturas pesadas com destino a Souselas, está assim a impedir a população local de beneficiar de um ar mais puro e saudável. Nem os votos contra dos vereadores socialistas evitaram esta medida tão radical. Mas ele que se cuide, porque o secretário de estado já disse que o governo vai fazer tudo para alterar esta situação, nem que seja preciso retirar competências às Autarquias.
É destes democratas que o País já há muito estava a precisar.


PARTIDOS
Aqueles que fazem as Leis e que deveriam ser os primeiros a cumpri-las, são afinal os primeiros a violá-las, obrigando o Tribunal Constitucional a multá-los em cerca de 300 mil euros, por infracções (leia-se: falcatruas) detectadas nas contas referentes a 2003.
Dos 17 partidos ou movimentos só 4 escaparam à lupa dos Conselheiros do TC, porque, não tendo praticamente expressão a nível eleitoral, faltam-lhes as fontes de financiamento que os outros têm, sendo assim fácil para eles demonstrarem de onde veio e para onde foi o dinheirinho.
Os prevaricadores desculpam-se que as faltas são da responsabilidade das estruturas locais por serem amadoras e não possuírem uma contabilidade organizada. Pois é: arranjam-se uns bodes expiatórios e assim já podem continuar a esbanjar como querem.
Alguns dos partidos até já andam a estudar novas formas de demonstração da sua contabilidade para que não sejam apanhados outra vez na curva. Ou seja, já andam a ver a melhor maneira de poderem enganar o Tribunal de Contas para evitarem a multazinha.
Grandes democratas a quem não falta o dinheiro: falta-lhes é vergonha na cara.


EDUCAÇÃO
Quando se pensa e se diz que em Portugal a educação é gratuita, não se fala naquilo que as famílias são obrigadas a gastar no princípio de cada ano lectivo por cada criança que apenas entra para o ensino básico. Este ano prevê-se que os custos deverão ser superiores a 250 euros para a compra de materiais e manuais de apoio essenciais a cada aluno.
Estima-se que o movimento total deste negócio da educação seja cerca de 500 milhões de euros, integralmente pagos pelas famílias com filhos em idade escolar obrigatória.
Se pensarmos que 250 euros são quase um ordenado mínimo nacional e que milhares de famílias pouco mais auferem mensalmente, imagine-se as dificuldades por que vão passar no próximo mês com esta despesa extra.
E depois venham com a balela do ensino gratuito. Gratuito para quem ?


PASSAPORTE
Pedir o novo Passaporte Electrónico Português (PEP) significa pagar quase o dobro face ao anterior modelo, ou seja, em vez dos 34 euros que tínhamos de desembolsar, passamos a entregar no mínimo 60 euros, mas com a grande vantagem de o documento ser de 1ª e possuir já um “chip”.
O secretário de estado José Magalhães até disse que o preço “é um dos mais baixos praticados na União Europeia por um passaporte topo de gama”.
Vamos fazer inveja aos pindéricos do estrangeiros quando nos apresentarmos nas suas fronteiras com um topo de gama para os fazer roer as unhas de raiva.
É assim: se têm dinheiro para férias nas Caraíbas ou noutros Países fora da União Europeia, então podem pagar mais uns cobres para o “simplex” do Sócrates, que coitado, este ano ainda só passou férias cá dentro. É verdade que foi num hotel de luxo do Algarve, mas assim deu o exemplo de como é desnecessário possuir passaporte.


CARLOS SOUSA
Não sei o que se passa ou o que se passou em relação ao pedido de demissão do Presidente Carlos Sousa da Câmara Municipal de Setúbal. Não o conheço pessoalmente e nem sequer acompanhei as suas actividades políticas ao longo dos muitos anos em que foi autarca.
Mas não compreendo nem posso aceitar esta forma de fazer política, porque, das duas uma: ou o senhor Carlos Sousa é incompetente e cometeu alguma irregularidade como Presidente de uma Câmara, devendo ser denunciado e penalizado por isso, ou então está a ser vítima de um saneamento político por parte do partido que o indicou para cabeça de lista.
A desculpa da renovação de quadros não colhe, porque se assim fosse, existem muitos outros autarcas do PCP que já há muito deveriam ter sido substituídos, ou melhor, nem sequer se deveriam ter recandidatado.
No tempo da União Nacional os Presidentes de Câmara eram nomeados ou substituídos de acordo com a sua fidelidade ou infidelidade ao regime, não importando o que as populações pensavam deles.
Pelos vistos a história repete-se, mesmo vindo de onde menos se poderia esperar.

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