16/04/2006

ESTA SEMANA

ANGOLA
Sócrates foi a Angola e levou consigo a tiracolo alguns ministros, secretários, empresários e amigos. A vasta comitiva pôde empanturrar-se em todas as refeições com mariscadas e outras iguarias oferecidas pelo presidente José Eduardo dos Santos e o resultado foi a comitiva ter ficado com fortes indisposições. Apenas ficaram incólumes José Sócrates e o ministro da economia, o que quer dizer que são tão indesejáveis que nem as salmonelas querem nada com eles.

CLASSE TURÍSTICA
Os ministros, secretários de Estado, directores-gerais e equiparados deverão passar, "por princípio" a viajar de avião em classe turística. Atenção, que isto é só “em princípio” e só poderá vir a aplicar-se em viagens dentro da Europa.
E depois querem que a TAP apresente lucros, quando o principal cliente, que é o Estado Português, quer que os seus altos funcionários viagem junto ao comum dos cidadãos que têm de pagar as viagens do seu próprio bolso.
Estou desejoso de um destes dias encontrar no avião um ministro ou secretário de estado ao meu lado, para lhes poder dizer cara a cara aquilo que penso deles.

SACRIFÍCIOS NA PÁSCOA ?
A Igreja Católica sugere que pelo menos na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira Santa não se coma carne. E há muitos católicos a cumprir escrupulosamente essa regra.
Passar fome, ou pelo menos evitar os excessos, como comer carne, salmão, linguado, ou marisco, não usar jóias e evitar as idas ao cabeleireiro, são algumas dos “sacrifícios” que milhões de católicos em todo o mundo se propõem fazer durante a Quaresma (período de quarenta dias que vai desde a Quarta-Feira de Cinzas até Domingo de Páscoa), recordando assim o sacrifício que Jesus Cristo fez pela humanidade, morrendo na cruz.
Em Portugal podemos até garantir que mais de 2 milhões de reformados (Católicos e não Católicos) irão cumprir escrupulosamente estas recomendações não só na Quaresma, mas durante todo o ano, não por convicção ou fé, mas porque aquilo que auferem não lhes permitem estes luxos.

DEPUTADOS
A falta de quorum devido à presença em plenário de apenas 111 dos 230 deputados impediu as votações semanais na Assembleia da República, que exigem a comparência de mais de metade do Hemiciclo.
É este o exemplo que estes senhores nos dão e que só vem dar razão a quem cada vez mais deixa de votar por já não creditar nesta pseudo-democracia em que assenta o sistema político em Portugal.
Dizia Vasco Pulido Valente, no jornal Público de 15/04/2006:
"O deputado comum não é ouvido ou consultado sobre coisa nenhuma: nem sobre política, nem sobre estratégia. Recebe ordens para votar assim ou assado ou, de quando em quando, para dizer isto ou aquilo, sem sequer lhe perguntarem se concorda ou discorda, como se a consciência e o carácter dele não valessem nada".
Acrescento eu:
O deputado comum só lá está porque soube movimentar-se dentro do partido a que pertence, utilizou os mais variados processos para afastar outros concorrentes e só pode fazer ou dizer aquilo que os directórios autorizam, para assim poder perpetuar o seu mandato e atingir a almejada reformazinha vitalícia. E se porventura o Partido ganhar alguma das eleições, até pode vir a ser promovido a secretário de estado ou administrador de uma empresa pública.
Infelizmente, para a grande maioria dos deputados, é para isto que serve o Parlamento. Também serve para outras negociatas e troca de favores, mas isso já estamos cansados de saber.
O Estatuto dos Deputados considera "motivo justificado" para as faltas "a doença, o casamento, a maternidade e a paternidade, o luto, missão ou trabalho parlamentar e o trabalho político ou do partido a que o deputado pertence", bastando para isso que escolha uma das várias hipóteses, porque "a palavra do deputado faz fé".
Tendo o Presidente da República a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir a Constituição zelando pelo normal funcionamento das instituições, deve agora pronunciar-se e tomar as devidas providências, já que uma delas não funcionou por exclusiva culpa dos seus titulares.

1997, 2007 © Guia do Seixal

Visões do Seixal Blog Directório Informações Quem Somos Índice