10/12/2006

ESTA SEMANA

MENSALÃO
Na sequência da estratégia política para a saúde que o (des)governo socialista que temos vem desenvolvendo, com a aplicação de taxas ditas moderadoras, a falta de recursos humanos e o encerramento de unidades de saúde pública, florescem pelo País novas unidades privadas ligadas aos grandes grupos económicos, que, contratam para os seus quadros eminentes técnicos com provas dadas na matéria.
O Hospital da Luz, a inaugurar em Janeiro próximo pelo Grupo Espírito Santo, vai ter cerca de 200 médicos a tempo inteiro, saindo na sua grande maioria dos quadros dos Hospitais Civis.
Mas as contratações pelo Grupo Espírito Santo não se ficam só pelos técnicos de saúde, mas também por outras iminentes figuras da nossa praça que finalmente se vêem recompensadas pelos favores prestados à causa. À causa deles, é bom de ver.
Como exemplo, assistimos à contratação pelo Grupo Espírito Santo da deputada socialista Maria de Belém Roseira, licenciada em Direito, que irá “dar pareceres sobre estratégia na área da saúde”.
Disse a senhora deputada socialista que, “como não tem regime de exclusividade na Assembleia da República, pode trabalhar para outros sítios”.
Pois pode, tal como podem outros seus camaradas deputados, que também trabalham em escritórios de Advogados que dão pareceres a empresas privadas que têm negócios com o Estado, em empresas de Construção Civil, em Iberdrolas e em outras coisas do género.
Ela, a senhora deputada, até foi ministra da saúde e desempenha actualmente o cargo de presidente da Comissão Permanente de Saúde na Assembleia da República.
Como se pode constatar, não há qualquer incompatibilidade e nem sequer isto é ilegal, até porque são os senhores deputados que fazem as Leis deste País e não se iriam prejudicar a si próprios. Quando legislam, têm o cuidado se criar as respectivas excepções para suas excelências.
A senhora deputada Maria de Belém também faz parte da Comissão Permanente de Direitos, Liberdades e Garantias da Assembleia da República. Compreende-se: tem o “direito” de fazer o que muito bem entende, a “liberdade” de trabalhar para quem quer, e fundamentalmente, “garantir” o seu futuro.
A isto não se pode chamar mensalão porque não estamos no Brasil. Mas qual é a diferença ?
Grande democracia …


CONCERTAÇÃO
Com a finalização das negociações para o aumento do salário mínimo nacional em sede de Concertação Social, ouvi sindicalistas dizerem que até estavam satisfeitos com os resultados obtidos, já que o País atravessa uma grande crise económica e conseguiram a proeza de um aumento progressivo até se atingir os 500 euros em 2011.
Não entendo porque ficaram tão satisfeitos. Eu não sou nem nunca fui sindicalista, mas não vejo qual a benesse conseguida.
Há quem diga que mais vale isto do que nada, pois temos de compreender as dificuldades das empresas. Pois é: mas as dificuldades das empresas (a grande maioria das empresas) não são as despesas com os salários, mas sim as pesadas contribuições e impostos que lhes são sugadas pelo governo.
O Estado, que aqui se comporta como mediador de conflitos, não passa de um parasita, borrifando-se completamente nos acordos a que se cheguem, pois ele é o principal beneficiado destes aumentos e não os trabalhadores.
Senão, vejamos: os aumentos vão gerar mais contribuições para a Segurança Social e mais descontos para o IRS; o pouco que sobra será absorvido em 21% de IVA nas despesas efectuadas pelo trabalhador.
Enão quem ficou a ganhar com este acordo ?
O que verdadeiramente fazia falta era que as associações patronais e os sindicatos se unissem para exigirem a diminuição de contribuições e impostos e assim haver mais investimento, mais emprego e melhores salários.
Deste modo, talvez a crise pudesse ser ultrapassada e o futuro fosse mais prometedor, eliminando-se os parasitas que utilizam a “democracia” para manterem os seus poderes que lhes permitem esbanjar aquilo que sugam ao sector produtivo.
No dia em que for possível – e tudo é possível se os homens quiserem – um entendimento leal entre empresários e trabalhadores, sem complexos e sem divergências ideológicas, então tudo poderá ser diferente e existir uma verdadeira concertação social.
Isto, o que aprovaram, não passa de mais uma artimanha para taparem o sol com a peneira.

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