03/12/2006

ESTA SEMANA

É PRECISO DISCIPLINAR
Sempre preocupados com a justiça social, o senhor Sócrates e os seus acólitos socialistas querem disciplinar os regimes em que os aposentados da Função Pública prestam serviços remunerados ao Estado, porque, segundo eles, esses aposentados estão a pôr em causa a contenção financeira e o sagrado déficite.
Claro está que a preocupação deve ser apenas com alguns, mais concretamente com aqueles que tendo uma pensão de miséria têm que fazer mais uns biscates para poderem sobreviver, pois até hoje nunca se ouviu falar daqueles que, como por exemplo o senhor Cavaco, que recebe para além do vencimento e alcavalas inerentes a um PR, mais 9.356 euros mensais devido aos cargos que desempenhou anteriormente.
Sempre quero ver até onde vai a coragem do senhor Sócrates, quando a tal disciplina do regime tocar os políticos, de ministros e deputados a presidentes de Câmara e vereadores, para já não falar dos administradores públicos, assessores e demais camarilha, quais novos ricos desta sociedade que se diz democrática.


REFORMAS
Chegou um pouco tarde, mas chegou finalmente o aumento dos nossos pensionistas que irão ter mais uns míseros euritos mensais. São pelo menos uns 500.000 beneficiados, os que recebem a pensão mínima, porque os outros, os que recebem um pouco mais, já ganham muito e só têm direito a um aumento que nem sequer ao valor que eles estabeleceram para a inflação.
Tenho pena de quem não votou neles e espere com ansiedade a chegada do final do mês para receber a mísera pensão e poder ir pagar as dívidas à farmácia e ao merceeiro lá da rua que ainda não faliu e que continua a vender fiado.
Mas tenho muito mais pena daqueles (e são muitos) que hoje têm vergonha de dizer que a culpa também é deles porque se deixaram enganar com falsas promessas, dando uma maioria absoluta ao senhor Sócrates que “democraticamente” a utiliza de forma ditatorial, com uma frieza e arrogância que nem nos tempos da “outra senhora” se houvera visto.
Espero que – aqueles que consiguirem sobreviver até às próximas eleições – se lembrem como têm sido tratados e que não voltem a cair no mesmo erro de se deixarem levar por bem-falantes que apenas querem o poder para se servirem dele, borrifando-se completamente em quem trabalhou uma vida inteira e no fim dos seus dias deveria ter direito a alguma paz e sossego.


METRO DO PORTO
Insugiu-se o senhor Narciso Miranda por terem sido tornados públicos os montantes a que os Senhores Administradores da Empresa do Metro do Porto têm direito, desde vencimentos a outras regalias, como deslocações, viagens, cartões de crédito, etc.
Nem vale a pena comentar a justiça dessas regalias, pois já nos vamos habituando a que nenhum deles dá ponto sem nó e quando saiem da política activa os amigos e correligionários que estão no poder arranjam-lhes sempre uma ocupaçãozita para que se sintam úteis e importantes para a sociedade e tenham uma reforma dourada.
Mas o que é interessante no insurgimento e revolta do senhor Narciso, é que, segundo ele, foram os próprios socialistas a aprovarem essas benesses (quem mais poderia ser ?) e por isso não entender porque agora o estão a criticar.
Há realmente gente muito injusta e invejosa …


SUBSÍDIOS
O Instituto do Desporto de Portugal (IDP) vai retirar a partir de 2007 o subsídio de 1.250 euros mensais aos antigos desportistas que se destacaram ao representarem o País no estrangeiro, dignificando o nome de Portugal.
Compreende-se e justifica-se esta atitude, já que para haver dinheiro para as salas de chuto, troca de seringas e recuperações fantasma de toxicodependentes, é necessário ir buscar dinheiro seja onde for, mesmo sacrificando programas que poderiam desviar a juventude desse negócio chorudo.
Estão nesta leva a quem vão ser retirados os subsídios, nomes como Carlos Lopes, António Leitão e Aurora Cunha, entre outros, que tinham como missão ir pelas escolas deste pobre país incentivar os jovens à prática desportiva. Ou seja, não recebiam o subsídio só porque prestigiaram e dignificaram o nome de Portugal além fronteiras, mas sim para prestarem um serviço altamente louvável, retirando com esse seu trabalho muitos jovens de caminhos menos aconselháveis.
Um governo que gastou em 2005 mais de um milhão de euros com a troca de seringas, não pode gastar dinheiro com subsídios a pessoas que trabalham para evitar que haja troca de seringas.
É a fórmula mais fácil:
Não se evita que a droga entre nas prisões e se recuperem os toxicodependentes aí existentes; criam~se é condições excepcionais para eles continuarem o vício.
Não se dotam as maternidades e centros de saúde com melhor equipamento e recursos humanos; fecham-se e pronto.
Não se dá grande importância às escolas degradadas; manda-se ensinar inglês e distribuiem-se 26.047 computadores portáteis por 1.096 escolas, num contrato com o valor de mais ou menos 25 milhões de euros.
É, no fundo, a fórmula Sócrates-simplex; não se governa, mas criam-se condições para que alguns se governem.


CAMARATE
Embora haja para aí muita gente que sempre defendeu a tese de acidente àquilo que aconteceu no dia 4 de Dezembro de 1980, não é novidade nenhuma, pelo menos para mim, que se tratou de um atentado, não sendo preciso que um tal Esteves venha agora confessar ter sido ele o executor da bomba que fez explodir o avião naquela noite fatídica.
A quem interessava tal desfecho é que importa apurar e independentemente do crime já estar prescrito, todos nós temos o direito de saber. Pode não haver condenação nos Tribunais, mas certamente que a condenação pública existirá.
Partindo-se do princípio que o Partido Comunista era o que tinha menos a ganhar com tal desfecho, não se entende que ao longo de mais de 20 anos não tivesse tido uma outra atitude nas Comissões Parlamentares de Inquérito.
No fundo, todos aqueles que tentaram esconder a verdade defendendo a tese de “acidente” são pelo menos responsáveis morais por nunca se ter sabido a verdade.
Lembro-me até que na própria madrugada, enquanto os destroços do avião ainda fumegavam e os corpos carbonizados estavam a ser retirados, o então Ministro dos Transportes (por acaso até era do PPD) ter vindo logo dizer que tinha sido um acidente.
Desde 1980 já passaram alguns Presidentes da República, Primeiros-Ministros, maiorias e minorias Parlamentares, muitas e muitas Comissões de Inquérito, Procuradores da República, Directores da Polícia Judiciária, Juízes e Conselheiros, que pouco ou nada fizeram para o esclarecimento total do que realmente se passou.
Resta que tenham vergonha e que o peso da consciência os incomode até à morte, porque não souberam ou não quiseram esclarecer e apurar a verdade.
Poder-se-á perguntar: mas será que este tal Esteves está agora a falar verdade ? Pode estar e pode não estar. Não é isso que importa se foi ele ou qualquer outro. O que importa é quem mandou e quem beneficiou com o desaparecimento de Francisco Sã Carneiro e Adelino Amaro da Costa.
Porque se eles não tivessem sido assassinados, talvez a história e o futuro de Portugal fosse muito diferente.

1997, 2007 © Guia do Seixal

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