19/11/2008

O GRANDE CIRCO LUSITANO

Sempre que o PS está no poder, lembro-me dos tempos anteriores ao 25 de Abril. Parece-me que faço uma viagem ao passado. Volta a insegurança, volta o medo, voltam as dificuldades, voltam as perseguições, as ameaças, a repressão, as denúncias, a bufaria. Volta o contar aflitivo dos tostões (cêntimos, na desgraçada moeda actual). Para além destes regressos, aparecem coisas novas, como o Código do Trabalho, que pretende obrigar-nos a trabalhar onde e quando os patrões quiserem, mais nuns dias, menos nos outros, entregando-nos – e às nossas vidas – completamente, nas mãos das entidades patronais. Esta, meus amigos, nem Salazar admitiria.

Há dias, um sujeito que ocupa o lugar de secretário de Estado da Administração Pública, boy socialista cheio de energia para levar à prática as políticas do «engenheiro»-chefe, José Sócrates Pinto de Sousa, disse, sem se engasgar, que a reforma da Administração Pública «já está no terreno» e que quem não cumprir as exigências que a lei impõe «será trucidado». E precisou: «Trabalhadores, serviços e dirigentes que não estejam com a reforma serão trucidados». Este belo exemplar da raivosa matilha socialista, de seu nome Gonçalo Castilho dos Santos, não está com meias medidas, pelo que resolveu enfatizar: os funcionários devem ter a noção de que «a reforma já não pode andar para trás», pelo que «trucidará quem não estiver com ela».

Resumindo a ideia do fulano: hoje, quem não está com o poder arrisca-se a ser trucidado, tal como antes se arriscava a bater com os ossos em Caxias ou Peniche.

E estamos conversados sobre o conteúdo democrático da gentalha socialista instalada no poder.

Mas, no entanto, convém esclarecer que as ameaças do senhor Castilho dos Santos revelam algo mais do que espírito despótico. Revelam medo. É que se o Governo aprovou legislação para entrar em vigor em 1 de Janeiro, não há lei que obrigue ninguém a assinar o novo contrato. Para poder entrar em funções, cada funcionário público assinou um contrato. É esse que vale, pelo menos até assinar outro que o substitua. O que falta saber é como irá reagir a maioria do funcionalismo público ao convite para assinar um contrato pior do que o anterior. Com mansidão suicida, ou dizendo um estrondoso «BASTA!» a tanta manigância e violência? Como 2009 é ano de eleições, este assunto, apesar das ameaças, não está encerrado.

Voltando aos professores – e aos alunos – e à sua justa luta contra as malfeitorias desvairadas da ministra, verifica-se que a Monalisa da Educação já começou a recuar a todo o vapor. No que respeita ao Estatuto do Aluno, até legislou ao domingo para – pasme-se! – acusar as escolas de… estarem a cumprir a lei. Diz ela no seu despacho: «Considerando que a adaptação dos regulamentos internos das escolas ao disposto no Estatuto do Aluno nem sempre respeitou o espírito da Lei, permitindo dúvidas nos alunos e nos pais acerca das consequências das faltas justificadas designadamente por doença ou outros motivos similares…». Isto é: as escolas perceberam mal o «espírito da Lei». Pois… o espírito da Lei. E a letra da Lei, a que a ministra agora dá outra e letra e, consequentemente, novo espírito? Francamente, senhora ministra, V. Exa. entrou, definitivamente, em parafuso.

Relativamente à avaliação dos professores, a ministra, suando por todos os poros, já deixa escapar que, afinal, tudo pode ser discutido. Ainda estrebucha, mas já vai dando o flanco. É fundamental que, agora, os professores, os alunos, as famílias e, em geral, os portugueses mantenham a unidade e a firmeza necessárias para impedir a concretização das alucinações de Sócrates e da D. Maria de Lurdes.

Pelo meio, duas anedotas:

Uma, conta-nos que mais de 250 Magalhães, entregues por Sócrates numa escola transmontana, foram retirados aos alunos mal acabaram as cerimónias da oferta, captadas com toda a pompa e alarido pelas câmaras de televisão, numa das mais ridículas acções de propaganda promovidas pelo senhor «engenheiro». É de morrer a rir, esta anedota…

A outra, é contada pelo próprio Sócrates. Disse ele: «Sou, digamos assim, da geração Kennedy. Essa eleição representou já um momento histórico. Lembro-me do debate que houve na América quando, pela primeira vez, um católico se candidatou a presidente. O próprio Kennedy teve de vincar bem que nunca receberia ordens do Papa enquanto presidente dos EUA. Lembro-me bem do que isso significou.»

Ora, José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa nasceu no dia 6 de Setembro de 1957, em Vilar de Maçada, concelho de Alijó, distrito de Vila Real. E Kennedy foi eleito presidente dos EUA em Novembro de 1960. Ou seja: José Sócrates tinha, então, três aninhos de idade. Que menino tão precoce! Ou será que a certidão de nascimento também foi passada ao domingo e – digamos assim – de forma menos precisa?

Voltando ao sério, soubemos que foi reconhecido, em Bruxelas, aquilo que, em Portugal, todos sabemos. Temos dos piores sistemas de cuidados de Saúde de toda a Europa, dado que surgimos em 26.º lugar numa classificação dos sistemas de cuidados de Saúde em 31 países europeus, divulgada em Bruxelas pela organização Health Consumer Powerhouse, que sublinha o deficiente acesso aos tratamentos e tempo de espera.

Com um total de 507 pontos em 1.000 possíveis, no conjunto de 34 indicadores de desempenho divididos em seis categorias, Portugal é o quarto país da União Europeia com pior resultado, surgindo na lista apenas à frente da Roménia e Bulgária, da Croácia e Macedónia (dois países candidatos à adesão à UE) e da Letónia, última classificada, numa lista liderada pela Holanda.

O 26.º lugar atribuído a Portugal representa uma nova queda relativamente às hierarquias elaboradas nos anos anteriores, já que em 2006 Portugal surgia na 16.ª posição e no ano passado no 19.º posto. Mais uma medalha de «mérito» para a governação socialista, coisa que a modéstia de Sócrates impede de referir nos seus inflamados discursos.

A propósito de Saúde. A gaguejante ministra da pasta, Ana Jorge, parece querer bater Lino e Pinho no que respeita a gaffes e barracadas. Não sabe responder a nada do que lhe perguntam, especialmente quando se trata das contas – das dívidas – do seu ministério e das enormes derrapagens orçamentais. Enrola, sorri, engole em seco, gagueja, diz que o secretário já respondeu às questões, e quando lhe recordam que isso não corresponde à verdade, lá vai dizendo que a «não resposta» do senhor secretário é, afinal, a resposta que se pode arranjar.

É o Grande Circo Lusitano em todo o seu esplendor.

Mas haja circo, porque pão, esse, vai faltando um pouco por todo o lado.


Lida nas “Provocações” da Rádio Baía em 19/11/2008.
(Não deixe de ouvir em 98.7 Mhz e participar pelos telefones 212277046 ou 212277047 todas as quartas-feiras entre as 09H00 e as 10H00).

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

E o grande palhaço do circo és tu.

19/11/08 9:51 da tarde  

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