12/10/2008

SOMOS E DEVEMOS SER SOCIALISTAS

Em 2 de Outubro passado, falei do preço internacional dos combustíveis que estamos a consumir. Tenho a impressão de que, pela sua magnitude, chamou a atenção de muitos dirigentes e quadros.

Em geral, fala-se das percentagens da população que têm acesso à electricidade ou a outros serviços da vida moderna. Esta pode flutuar entre 40%, ou menos, e 60%, ou um pouco mais; irá depender do acesso aos recursos hidroeléctricos ou de outros factores.

Antes do 1º de Janeiro de 1959, quase a metade da população de Cuba não tinha electricidade. Actualmente, com uma população ao redor de duas vezes mais e amplo acesso a essa energia, o consumo multiplicou-se várias vezes.

No nosso país, como em grande parte do mundo — excepto nas nações muito ricas — essa electricidade chega por ar com a utilização de torres, postes eléctricos, transformadores e outros meios, muitos dos quais foram derrubados pelos fortes ventos dos furacões Ike e Gustav em toda a Ilha.

Um artigo do jornal Granma, de María Julia Mayoral, destaca de maneira geral os destroços na rede eléctrica causados pelos dois fenómenos; mas, além disso, acrescenta que, durante a passagem dos furacões, os grupos electrogéneos garantiram a electricidade a "966 padarias, 207 centros de elaboração de alimentos, 372 emissoras de rádio, 193 hospitais, 496 policlínicas, 635 estações de bombeio de água, 138 lares de idosos, e a outros centros fundamentais."

"Essa garantia significa … que, rapidamente, tiveram que ser desmontadas centenas de equipamentos de emergência colocados em entidades de produção e de serviços, com o objectivo de reinstalá-las de maneira urgente em lugares sem conexões com o SEN. Isso foi possível, graças à acção coordenada de brigadas de montagem de vários organismos, empresas de transporte e ao apoio das autoridades locais. Os meios transladados provisoriamente serão levados para os centros de origem quando a situação voltar à normalidade."

As palavras, que transcrevo de forma textual, demonstram o desvelo com que os dirigentes do Partido e do governo, nacionais e locais, se dedicaram a buscar soluções.

O artigo de María Julia intitula-se "Despesas milionárias para fornecer energia à população».

Considero oportuno lembrar que os grupos electrogéneos foram instalados com os objectivos seguintes:

• Garantir serviços vitais como a saúde ou a conservação de alimentos em quaisquer circunstâncias.

• Produções de alimentos industriais tais como pão, leite e outros géneros.

• Garantir fundições de aço, que não podem ser interrompidas porque provocariam grandes prejuízos à indústria.

• Serviços da defesa e informações públicas que não podem faltar em nenhum momento. Basta assinalar os próprios centros de Meteorologia e os seus radares, que acompanham a trajectória dos furacões.

• Geração progressiva de electricidade com consumo mínimo, muito mais eficiente que as termoeléctricas disponíveis.

Ressaltados esses pontos, é necessário lembrar que os grupos electrogéneos vão, desde pequenos motores com potência para produzir 40 ou menos kW/hora, até equipamentos de mais de mil. Às vezes, há que somar vários desses motores, por exemplo, num centro hospitalar com avançado equipamento tecnológico e um sistema de climatização indispensável, que soem ser grandes consumidores de energia.

Tais motores funcionam com diesel e a sua eficiência cresce à medida que aumenta a sua capacidade de geração de electricidade até um ponto determinado. Precisam de óleos adequados, reservas de peças, manutenção, etc.

Um número crescente de grupos electrogéneos são constituídos por motores que são de produção contínua e que consomem outro combustível.

O ideal é que cada centro de produção ou serviços referido receba electricidade do Sistema Electro-Energético Nacional (SEN), com maquinarias mais eficazes que trabalham com fuel oil, de muito menor custo que o diesel, obtido da refinação do petróleo, combustível de crescente uso no transporte de carga e de passageiros, em tractores e outros equipamentos agrícolas.

Quando os grupos electrogéneos que trabalham com diesel se convertem, por qualquer motivo, em geradores de electricidade para as moradias e são submetidos a um regime de trabalho durante 20 horas ou mais, as consequências são negativas. O seu destino principal são as emergências e, no desenvolvimento actual de Cuba, um número reduzido de horas de pique.

De entre os geradores que consomem hidrocarbonetos, nada pode comparar-se com os grupos electrogéneos que trabalham com fuel oil, embora o investimento seja mais custoso. Pelo seu peso e complexidade, não podem ser transladados de um lugar para outro em qualquer momento. Nesse sentido, unicamente são superados pelas fábricas de ciclo combinado a partir de gás, ao qual extraem previamente o enxofre e outros elementos poluentes.

É conveniente salientar a necessidade de que nenhum dirigente esqueça que não se deve perder um só minuto em reintegrar todos os motores que consomem diesel às suas funções em municípios e províncias vizinhas mal acabe a emergência. Temos sério deficit desse combustível, gasta-se demais no país e foi imprescindível reduzir as quantidades demandadas.

A produção e distribuição de alimentos e materiais de construção, reitero, têm prioridade absoluta neste momento. Não somos um país capitalista desenvolvido em crise, cujos líderes enlouquecem hoje, procurando soluções entre a depressão, a inflação, a falta de mercados e o desemprego; somos e devemos ser socialistas.


Fidel Castro Ruz
4 de Outubro 2008

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