05/10/2008

UM TEMA PARA MEDITAR

CUBA é um país onde a electricidade, em circunstâncias normais, chega directamente a 98% da população, onde existe um sistema único de produção e fornecimento da mesma e se garante aos centros vitais em qualquer circunstância, através de geradores electrogéneos. Assim que sejam restabelecidas as linhas de transmissão assim será de novo.

Vale a pena meditar um minuto a cada dia sobre o custo da energia eléctrica, sem a qual, a vida civilizada no mundo actual torna-se impossível. Isto é válido ainda mais, se chegar a época do ano em que as noites são mais longas e todas as luzes e equipamentos são ligados ao mesmo tempo, e são poucos os lares que não dispõem de vários aparelhos electrodomésticos.

Reflectir no tema permite-nos compreender o desafio de um grande número de países no mundo que devem importar o combustível. Em Cuba nunca abundou nem pôde abundar a energia hidráulica, sem rios caudalosos; a solar, uma forma renovável e não poluente de energia, embora custosa, é empregue em vários milhares de pontos que satisfazem as necessidades sociais; e por último, a eólica, cujas experiências se iniciaram sob o perigo destruidor dos furacões. Não vai cessar, por isso, o esforço para dar resposta às crescentes necessidades de energia.

A nossa produção de electricidade depende, fundamentalmente, das termoeléctricas, construídas em todo o país nos anos de Revolução, pois antes apenas existiam, acompanhadas da extensa rede de que precisa uma ilha longa e estreita para compensar déficits regionais e os tempos de reparações imprescindíveis.

Nas nossas mãos, no entanto, está a poupança do combustível que é consumido em cada dia não só para produzir electricidade, mas também nas actividades da nação: indústria, transporte, construção, amanho de terras, etc., etc. Não vou enumerar todas porque são dezenas as circunstâncias em que aquele é consumido não poucas vezes além do necessário, tanto em Cuba quanto em qualquer canto do mundo; porém, no nosso caso, com a agravante de nos ter acostumado a receber da Revolução muitas coisas pelas quais não temos lutado. Inclusive, esquecemo-nos, muitas vezes, de que os furacões existem, ao qual se acrescentam as mudanças climáticas e outros fenómenos criados pela chamada civilização.

Um dado ajudar-nos-ia a ilustrar tal situação: o valor da energia consumida anualmente por Cuba, aos preços vigentes deste ano, ultrapassa os US$8 bilhões.

Se, por outro lado, é acrescentado o valor do níquel, do açúcar e dos produtos do Pólo Científico, que são os três principais produtos exportáveis, estes dificilmente atingem, aos preços actuais, os US$2 bilhões, dos quais teríamos que descontar as despesas e materiais necessários para produzi-los.

É claro que essas não são as nossas únicas receitas em divisas convertíveis. Pela exportação de serviços, a nossa Pátria obtém hoje mais receitas que pela exportação material que realiza. Talvez cheguemos, num prazo relativamente curto de tempo, a ser exportadores de petróleo. Já em parte o somos do óleo pesado, que não pode ser refinado em Cuba devido às nossas limitadas capacidades actuais.

Uma conclusão que podemos tirar do acima referido é que, diante da procura desmedida de combustível por parte dos organismos do Estado, a resposta foi categórica: reduza as actividades que pensou ou sonhou.

Alguns compatriotas nossos pensam certamente em tornar realidade todos os sonhos "impossíveis" que as pessoas desejam. Dentro do Estado, precisa-se de disciplina rigorosa e ordem absolutamente racional de prioridades, sem temor algum a estabelecer o que deve ou não ser feito, e partindo sempre do princípio de que nada é fácil e que só do trabalho com qualidade e com intensidade devem proceder honradamente os bens materiais.

Os que não devem faltar em nenhuma circunstância são os meios disponíveis que transportam materiais, alimentos, e os recursos para a produção e os serviços mais vitais.

Insisto mais uma vez na necessidade não do trabalho burocrático imaginário, mas do trabalho físico imprescindível e irrenunciável. Não ser apenas intelectual, mas também ser operário, trabalhar com as mãos.


Fidel Castro Ruz
2 de Outubro de 2008

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