04/03/2009

COITADO DO PINÓQUIO – O BONECO

Costumam comparar Sócrates ao Pinóquio. Quanto a mim, é uma maldade. Pinóquio é um boneco simpático, incapaz do mal, generoso e humilde, que tem, como única fraqueza, a tendência para pregar umas valentes petas.

Sócrates, para além de ser um mentiroso compulsivo (o que o leva a mentir mesmo nas situações em que pode ser facilmente desmascarado), é vaidoso, arrogante, agressivo e capaz de agir sem cuidar dos valores éticos mais básicos. Sócrates é cruel e insensível, características típicas de um egocentrismo congénito. Se o não fosse, em Portugal a miséria não alastraria, como alastra, o desemprego não subiria em flecha, os serviços de saúde públicos não estariam em vias de extinção, muitas portuguesas não iriam parir a Espanha – ou nas ambulâncias – e não se morreria à porta de urgências encerradas ou à espera de socorro que não há.

Por isso, Pinóquio – o boneco – é querido no mundo inteiro. E Sócrates – o político – só é estimado no PS. Mas não por todo o PS. Estimam-no – ou suportam-no – enquanto ele for a galinha dos ovos de ouro para a rapaziada socialista.

Em nome da verdade e da decência peço, por isso, desculpas ao Pinóquio. O boneco.

A última grande aldrabice de Sócrates não tem mais de oito dias de vida. De facto, faz precisamente hoje oito dias, disse à saída do debate parlamentar, que só teve conhecimento do prémio de 62 milhões de euros, que a Caixa Geral de Depósitos deu ao empresário Manuel Fino, no dia de Carnaval. Devia ser uma piada de Entrudo. Ora, Sócrates pode ser muita coisa – até engenheiro – mas distraído é que ele não é. Na verdade, há muito que Francisco Louçã, andava a falar na coisa e, antes disso, já o Correio da Manhã e o Jornal de Negócios haviam posto a nu a escabrosa negociata. Ou seja: o país inteiro sabia, mas Sócrates não. Não lhe convinha saber, porque não lhe convinha que a coisa fosse badalada. Mentiu mal. Mentiu descaradamente. Mentiu, acima de tudo, porque sabe que o pode fazer impunemente. Até ver…
Outra grande mentirola de Sócrates, também proferida na Assembleia da República, em resposta a uma interpelação d’Os Verdes, dizia respeito ao caso Freeport. Para explicar a aldrabice, socorro-me do que disse à comunicação social o advogado Castanheira Barros.

Disse Castanheira Barros:

«O curto debate que ontem ocorreu entre o deputado do Partido Os Verdes, Madeira Lopes, e o primeiro-ministro, foi descrito de forma fidedigna pelo jornalista da Lusa, que elaborou a notícia em apreço, apenas tendo sido omitido (pelo jornalista ou pela redacção da Lusa) a afirmação falsa, proferida por José Sócrates, de que o licenciamento do Freeport tinha sido aprovado “na vigência da anterior Zona de Protecção Especial”. Esta afirmação constitui uma grave mentira, pois o licenciamento do Freeport ocorreu muito tempo depois de ter entrado em vigor o Decreto-Lei aprovado em Conselho de Ministros de 14.03.2002, pelo governo socialista, então em gestão.

O primeiro-ministro José Sócrates mentiu, pois, aos deputados e aos portugueses, procurando também criar a confusão entre a Declaração de Impacte Ambiental, proferida pelo então secretário de Estado do Ambiente, favorável ao Freeport, e o licenciamento deste empreendimento, que é da competência da Câmara Municipal de Alcochete.

A alteração dos limites da Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo aprovada no supra-referido Conselho de Ministros, abriu as portas ao licenciamento do Freeport, pelo que é inteiramente legítimo assacar responsabilidade política ao actual primeiro-ministro (e então ministro do Ambiente) por essa alteração, que impedia a Comissão Europeia de accionar o Estado Português por violação das normas comunitárias relativas às ZPE, e abria assim caminho à aprovação, pela Câmara Municipal de Alcochete, do projecto Freeport».

Antes disso, o governo encenou, com Sócrates à cabeça, uma farsa que queria fazer crer aos portugueses que a OCDE se pronunciara sobre a educação em Portugal, considerando-a do melhor que há no mundo. Conforme foi obrigado a confessar depois, não se tratava de nenhum documento da OCDE, mas de um trabalho de uma girl socialista. Esta intrujice, só por si, define o carácter – a falta dele – da gentalha que governa.

Se juntarmos estas mentiras recentes a outras, grandes ou pequenas, da autoria do mesmo cavalheiro – sem esquecer aquela, verdadeiramente deliciosa, de ter sido apanhado a fumar, escondido, num avião e, muito candidamente, dizer que pensava que ali se podia fumar – temos um retrato muito nítido da integridade moral do político que governa o país.

Para comparar o que se passa aqui, em Portugal, com o que se passa em qualquer país dito democrático, basta lembrarmo-nos do que aconteceu recentemente em Espanha, quando um ministro de Zapatero foi apanhado a caçar, indevidamente, numa coutada. Claro: foi demissão imediata.

Imaginemos, agora, que este Sócrates, sem tirar nem pôr, era espanhol e conseguia, por artes mágicas, ser primeiro-ministro em Espanha. E que, por ser o mesmo, dele se vinha a saber aquilo que hoje todos sabemos. Posso perguntar, sem que me chamem tolo, se alguém pensa que ele ainda fosse governante em Espanha? Ou posso perguntar, sem que me chamem exagerado, se não estaria já a prestar contas à Justiça?

O que daqui resulta, é que Portugal se transformou num país sem valores, onde os conceitos de dignidade, honra ou honestidade andam pelas ruas da amargura. No fundo, o que suportamos aos nossos governantes e à inenarrável classe dominante – a classe dos Berardos, dos Jardins Gonçalves, dos Oliveiras e Costas, Finos e, de uma maneira geral, de toda a alta finança e distinto escol empresarial – só é explicável porque nós, enquanto povo, consideramos que as mentiras, os roubos de luva branca, as falcatruas mais impensáveis e as negociatas mais obscenas não passam, afinal, de artimanhas de gente esperta que «sabe fazê-la». Ou seja: a maioria dos portugueses, embora censurando e desprezando esta gente, não se indigna o suficiente para dizer um sonoro e vigoroso BASTA!

Se me perguntarem porquê, eu direi que será porque, no fundo – e como me custa dizer isto! – a maioria dos portugueses não desdenharia, se para tanto tivesse oportunidade, de se amanhar como os poderosos se amanham.

E só assim se explica que aguentemos, Sócrates, Varas, Loureiros, Miras Amarais, Berardos, Constâncios, Jardins Gonçalves e demais nababos que, sem o mínimo pudor, se enchem à conta do que os portugueses produzem.

Ah! E que ainda queiram que produzamos mais!

E fazem bem em querer. Como a besta é mansa, há que aproveitar…


Lida nas “Provocações” da Rádio Baía em 04/03/2009.
(Não deixe de ouvir em 98.7 Mhz e participar pelos telefones 212277046 ou 212277047 todas as quartas-feiras entre as 09H00 e as 10H00).

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

E o Gepeto desta estória não mora numa casinha de madeira, mas sim num palácio; o de Belém.
Não que tenha sido ele o construtor do boneco (pelo menos que se saiba) mas porque o mantém e suporta todas as suas mentiras.

4/3/09 5:41 da tarde  

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