05/03/2008

A BANDALHEIRA SOCIALISTA

- ou o país sem rei nem roque

Como já aqui dissemos – ou melhor, como já aqui denunciámos – o número de portugueses a residir em Espanha cresceu mais de 40% no último ano. Ao todo, no país vizinho residem perto de 102 mil compatriotas nossos, que constituem já a quarta maior comunidade proveniente da União Europeia. Desses, perto de 83 mil estão inscritos na Segurança Social.

Os portugueses emigram principalmente para a Galiza, Andaluzia e Madrid, mas há ainda um número incalculável que todos as manhãs atravessa a fronteira para trabalhar em Espanha, voltando ao fim do dia. E há aqueles que vão segunda-feira, regressando na sexta, para passar o fim-de-semana com a família. Alguns, como sabemos, fazem uma viagem sem regresso, pois os acidentes de viação já ceifaram várias vidas nesse vaivém a que a miséria reinante na sua pátria os obriga.

Ora, por muito que o PS o queira esconder, o senhor presidente do conselho de ministros fuja do tema como o diabo da cruz e os bem instalados (com vários empregos e suculentos ordenados e reformas) digam que não, a verdade é que a situação financeira das famílias portuguesas é a pior de sempre. Não conseguem poupar dinheiro, a tal ponto que as intenções para a compra de carro ou de simples electrodomésticos estão adiadas sine die.

«Mentira!», mugirão os socretinos, essa espécie de humanóides que começaram por constituir um bando de boys e girls, evoluíram depois para bufos ao serviço do chefe máximo, e são agora algo indecifrável, mas verdadeiramente repugnante, de aspecto vagamente humano, mas onde predomina um ar de ratazana de esgoto com genes de vampiro.

Não, não é mentira, garanto-vos. Nem mais uma atoarda de uma oposição subversiva. Nem uma aldrabice minha, coisa que muitos se pelam para que acontecesse, mas, quanto a isso, bem podem tirar o cavalinho da chuva. O que acabei de dizer foi extraído dos números publicados há dias pelo insuspeito Instituto Nacional de Estatística. Receosos de um agravamento do desemprego e com o endividamento a crescer, não espanta que a confiança dos portugueses que ainda não fugiram para Espanha, para Inglaterra, Brasil, Dinamarca, Holanda, Finlândia ou qualquer outra ignota paragem, esteja também ao nível mais baixo desde 2003.

Já em Janeiro, o INE tinha confessado que as famílias estavam a cortar nas compras de bens alimentares. Agora, o inquérito refere que a intenção de compras de bens duradouros – como electrodomésticos ou equipamentos de lazer – está a aproximar-se do mínimo histórico, o que será mais um recorde que atesta a excelente governação do senhor Pinto de Sousa, mais conhecido por «engenheiro» Sócrates, aliás – e nunca é demais referi-lo – excelentíssimo senhor presidente do conselho de ministros.

Com o desemprego ao seu nível mais elevado desde 1986 (e esta é a verdade, diga o «engenheiro» o que disser e reclamem os socretinos, vomitando as loas que quiserem) as famílias não acreditam que haja mais emprego nos próximos meses. Depois, porque os bancos precisam de aumentar os seus lucros – tão fabulosos como imorais – acresce que o nível de endividamento e a subida das taxas de juro se aliam à inflação e aos baixos aumentos salariais para destruir o poder de compra das famílias.

Assim, não é difícil compreender o estado de desmoralização e desânimo dos portugueses. Com as dívidas à banca a ultrapassar em 20% o rendimento disponível anual, resta dizer que as taxas de juro à habitação subiram 25% em 2007. Com o Zé Povinho a apertar o cinto – ou os cordões à bolsa – os comerciantes vêem a sua vida a andar para trás, já que não conseguem ver entrar dinheiro em caixa. Nunca se viu uma época de saldos tão tísica, com as lojas às moscas e os apelativos descontos de até 50 e 70% a caírem em saco roto.

No topo superior da cadeia comercial, também a confiança dos grossistas na actividade económica atingiu o nível mais baixo desde 2006. Diz o INE, que as «apreciações sobre o volume de vendas» dos comerciantes «também se agravaram» em Fevereiro, em comparação com Janeiro.

Mas, para o senhor presidente do conselho de ministros, correspondente alcateia, porta-vozes e demais apaniguados (senhores deputados cor-de-rosa incluídos), tudo é um mar… de rosas. Naturalmente.

No entanto uma sondagem recente falou de uma quebra acentuada nas intenções de voto nos ditos «socialistas», com o chefão a perder, também, popularidade. Dias depois, lá surge outra mais generosa para a horda do Largo do Rato. Não sei se alguém encomendou a primeira sondagem. Mas a segunda, a gente percebe logo quem foi.

Entretanto, anda tudo para aí aos tiros. Mata-se por tudo e por nada, por dá cá aquela palha – ou por dá cá o teu carro, telemóvel, carteira com cartões, os trocos que tens no bolso. Um informador da PJ, ligado ao processo dos gangs do Porto, foi pelos ares ao volante do seu Ferrari. Que lindo! Já a fechar a crónica mais um morto à facada, em pleno C.C. Colombo. É obra!

Assalta-se a torto e a direito, seja com gazua, seja com grua, seja por esticão, seja com caçadeira de canos serrados, à metralhadora, seja com as ferramentas infernais dos offshores. Roubar é o que está a dar. A chatice é que o ofício de roubar é como a droga. Há muitos anos, era apenas um vício da alta sociedade. Depois, proletarizou-se, e hoje droga-se a gente fina (como já se drogava) e drogam-se os palermas cá de baixo.

Passa-se o mesmo com o gamanço. Toda a gente – salvo seja, é claro, trata-se de uma força de expressão – acha que tem o direito de se apropriar do que não é seu, porque, meus amigos, ou há moralidade, ou roubam todos. Ou vocês pensavam que só se podia roubar legalmente, aumentando, por exemplo, o IMI e outros impostos? Ou por malabarismos contabilísticos? Ou por engenharias financeiras? Ou pela arte sublime da falência?

Então, face à voragem – e ao exemplo – socialista, que rouba por decreto ou portaria, vá de roubar de qualquer jeito: apontando a seringa, a fusca, a bazuca, a catana, à cachaporra ou à martelada. Parece que a roubar é que a gente se entende.

Face a este panorama, as polícias não sabem para que lado se hão-de virar. Se começam a meter dentro tudo o que é ladrão, lá ficamos sem sistema financeiro, sem estrutura política, sem obras públicas, sem aparelho produtivo, eu sei lá…

Pelo sim, pelo não, alguém deitou a luva à PJ. Nunca – nem nos tempos da outra senhora – esta prestigiada polícia sofreu o que hoje sofre às mãos do PS. Os resultados estão á vista. É a barafunda total. O descalabro, a bagunça, a pouca-vergonha. As demissões. Os atropelos. O assalto aos postos de comando. Salvam-se os profissionais dos diversos níveis, mas esses nada podem perante a manápula cor-de-rosa, que precisa de se salvaguardar de surpresas desagradáveis.

Que se lixe e relixe! Roubai-vos – e matai-vos – uns aos outros. Cá por mim, já estou por tudo. É assim que o PS quer? Pois que se faça a sua vontade! Quando bater no fundo, talvez acordem os que não se espatifarem todos.

Cá por mim, vou seguir os concelhos de uma certa Margarida, de Lisboa, que nos contou esta maravilha:

«Um caso particular, mas decerto familiar a muitos de vós. Somos uma família normal de quatro pessoas. Somos aquilo a que em tempos se chamou "classe média". Como acontece com muitos, bem mais de 50% do nosso rendimento é chupado pelo banco para a prestação da casa. Há cerca de dois anos, sentindo-nos desanimados com a política e impotentes para vencer as injustiças sociais, estabelecemos regras individuais importantes, de sobrevivência e luta: por norma, deixámos de consumir o que quer que seja em pastelarias. O pão faz-se em casa, com uma máquina (dura muito se for integral); as sandes, obviamente, também; café e sumos idem; iogurtes, só compramos naturais e os mais baratos (a imaginação é à borla e acrescentamos o que houver); ao jantar não é preciso carne (ao almoço, confiamos que as crianças comam na escola) e para proteínas temos o leite e seus derivados, e outras alternativas mais baratas, como feijão com arroz (ou seja, raramente compramos carne); no frigorífico temos agora leite, manteiga, iogurtes naturais, sopa e legumes frescos; no congelador, legumes e peixe. Na despensa, há variedade de massas, arrozes, e afins. Mas sim. Gostaríamos de não viver assim, a fazer esta ginástica diária. Como muitos de vocês, certamente. Por isso deixo a sugestão: se formos muitos a boicotar a sociedade de consumo (vocês pagam mesmo 500 paus por um sumo de laranja natural num café?!), pode ser que mudemos alguma coisa. Não vejam isso como uma privação, mas como uma forma de luta. Vão para os jardins públicos, para espaços gratuitos. Levem os amigos, os filhos, os sacos com fruta nacional e pão feito em casa. Convivam. Discutam. Divirtam-se. Organizem-se. Voltem a falar de ideias. Deitem fora os cartões de crédito. Acordem. Saiam dos centros comerciais. Avisem o Sr. António do café que não voltam a entrar lá enquanto a bica custar mais de 80 paus (e já é um exagero). Obriguem-no, também ele, a "fazer ginástica" e a protestar. Inventem novas maneiras de rir na cara das grandes bestas que vivem luxuosamente às nossas custas. Quem ri por último, ri melhor, acreditem».

A Margarida tem razão. Se não podemos consumir o que queremos, então deixemos de consumir também o que eles querem.

Na verdade, meus amigos, nós podemos ser a areia que lhes lixa a engrenagem.

Basta querermos. Vamos a isso?


Crónica de: João Carlos Pereira
Lida nas “Provocações” da Rádio Baía em 05/03/2008.
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