08/04/2007

AMÊNDOAS AMARGAS

Embora eu não professe qualquer religião, manda a sociedade de consumo que nesta época Pascal tão simbólica para os católicos, se ofereçam umas prendinhas, ou no mínimo, umas amêndoas ou uns ovinhos de chocolate.
Por isso resolvi este ano abrir os cordões à bolsa para poder contemplar os tão “abnegados” servidores da causa pública que, “democraticamente”, decidem a seu belo prazer os nossos destinos.

Assim, começo por enviar ao senhor José Sócrates um anafado borrego para que ele o possa esfolar - tal como nos tem andado a esfolar a todos nós, deixando-nos apenas com a pele e osso – e que depois possa comer o ensopadinho tão característico da sua terra.
Com o borrego vai também um folar e um ovo de chocolate muito grande enfeitado com um enorme laçarote pelo “simplex” na obtenção de canudos e por tudo aquilo que ele tem feito e provavelmente ainda virá a fazer, obrigando-nos a não gastar tanto dinheiro em coisas supérfluas, tais como a alimentação, a saúde, o ensino, a habitação, os transportes, etc.
Ele merece tudo isto e muito mais, pois em conjunto com os seus apóstolos tem dado provas de ser um predestinado nos malabarismos e na propaganda doutrinária que nos tenta impingir.

Mas o senhor Manuel Pinho também não foi esquecido e leva uns ovinhos de chocolate pela brilhante ideia daquela campanha de nome “Allgarve”, pelas empresas que encerram sem que ele mexa uma palha e por todas as bacoradas que profere cada vez que abre a boca.

Uns ovinhos também para o senhor Mário Lino pelas trapalhadas do metro do Porto e pelas reviravoltas no traçado do TGV, mas principalmente pela sua defesa intransigente de um aeroporto na OTA.

E se estes levam uns ovinhos, o senhor Correia de Campos tem que ser contemplado com uma cestinha cheia deles pelos SAP, Centros de Saúde e Maternidades que tem mandado encerrar, pelas taxas moderadoras que decidiu aumentar, já para não falar da subida dos preços dos medicamentos e a diminuição das comparticipações.

Para o senhor Vieira da Silva um enorme folar, por nos dizer sempre que o desemprego está a diminuir, quando todos sabemos que é precisamente o contrário. Leva também umas amêndoas de chocolate para dividir com o seu colega Teixeira dos Santos, pelo esforço que em conjunto têm feito para conseguirem diminuir as reformas e os ordenados, ao mesmo tempo que aumentam os impostos e o custo de vida.

Ao senhor Mariano Gago envio uns ovinhos cozidos todos coloridos, por meter os pés pelas mãos no caso da Universidade Independente, vindo apressadamente a defender uma coisa que ainda não se sabe bem qual a extensão que poderá vir a ter, não fosse alguém desconfiar que por compadrio político ou pagamento de favores, se pode obter uma licenciatura de um momento para o outro.

Para os Costas, o António e o Alberto, vão uns coelhinhos de chocolate pela decisão de encerrarem esquadras de polícia e tribunais, pois segurança e justiça são coisas que não nos fazem falta nenhuma.

Ao senhor Luís Amado, um tronco de chocolate pelo encerramento de Consulados e apoio aos nossos emigrantes que muito agradecidos lhe estão.

Uns ovinhos também para o senhor Nunes Correia, grande defensor do ambiente, das co-incinerações, das reservas ecológicas da Costa Vicentina e das praias da Costa da Caparica.

Também umas amêndoas para a D. Maria de Lurdes Rodrigues, pelas escolas que mandou encerrar para dar lugar a mais umas urbanizações e pela brilhante ideia de fazer negócio com a rentabilização dos estabelecimentos de ensino, alugando os espaços para festas ou outras actividades, desde que entrem uns dinheirinhos para que os Conselhos Directivos possam fazer a manutenção que compete ao Estado

Para o senhor Jaime Silva, um folar transmontano, daqueles com muitos enchidos, pela defesa da nossa agricultura e pescas com a construção dos canais de regadio do Alqueva e pelas excelentes oportunidades de os nossos pescadores poderem trabalhar em … Marrocos.

Para nós, bem, para nós, ficam apenas amêndoas amargas.

1997, 2007 © Guia do Seixal

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