11/03/2007

A VIDA É UMA URGÊNCIA ?

Logo desde o início tudo se torna URGENTE e como pêndulo deste desiderato, aqui traço um pouco daquilo que considero ser a linha da vida.

É a menina que rapidamente se transforma em mulher e numa correria, com vontade de ser mãe; são as análises e as ecografias para saber se está tudo bem e na altura mais importante, o nascimento de mais uma VIDA que vem a este mundo, onde tudo se passa a uma velocidade galopante, mas que por muitas vezes fica estagnado com as burocracias, ou melhor dizendo, com a distribuição do bolo em que a maior fatia vai direita para as políticas dos bem-falantes.

A era do silêncio já lá vai e – dizem – vivemos em mais liberdade, mas afinal esta é mais exigente e tão radical que actua mais rápida que o tal “Simplex”, onde não existem modelos e o “ser-humano” fica bloqueado com os tais procedimentos de quem “quer, posso e mando”.

Posso imaginar, para não dizer que tudo se passa sem ser na futurologia, nos locais isolados dos grandes centros que escondem a verdadeira paixão do trabalho, com homens e mulheres, e porque não dizer, adolescentes, que o fazem de sol a sol e já na calada da noite descansam, e nos seus sonhos não imaginam que num outro dia tudo se esvanece, com a debilitada saúde, ficando de mãos e pés atados, pois deixam de ter sossego, para entrar na tal linha que é a URGÊNCIA. E porquê ?

Empanturram-nos com o “não há meios” e nesta telenovela actual, onde todos os canais de informação passam dias a fio os episódios dos Centros de Saúde que fecham, e quer queiram ou não, lá vem a URGÊNCIA e há que percorrer mais outros caminhos, galgando mais e mais quilómetros, na ânsia e desejo de uma simples cura.

Não seria mais eficiente se os coordenadores destas situações, de uma vez por todas dessem mais valor ao sofrimento que percorre do Norte ao Sul de Portugal ?

Mas outras vertentes têm o carácter de URGÊNCIA...

Alguns exemplos, pois todo o cidadão tem em mente as inúmeras dificuldades que este século nos está a dar; são os jovens licenciados que queimaram todas as energias e até monetariamente tiraram o pão da boca aos seus Pais e hoje não são nada; são os profissionais especializados que se viram empurrados das empresas e que depois rastejam neste ar poluído em busca de novos horizontes para poderem sobreviver; são os reclusos que por terem descarrilado na linha do mal querem voltar a ter dignidade e só lhes sobram pequenas migalhas que não dão para saciar a fome e a sede da vida naquele momento.

Muitos pontos de interrogação, mas tudo mergulhará num mar de água salgada que nunca mais terá fim.

A URGÊNCIA é sinónimo de necessidade imediata e o nosso cantinho tão acolhedor não merece tudo isto, porque matematicamente a equação é fácil: existem portugueses de primeira e de segunda.

Ainda há tempo para que o nosso Portugal possa ser uma fonte onde a água seja mais transparente, e principalmente limpa, mas no fundo o que é preciso é mesmo URGÊNCIA.

Jaime Reis

1997, 2007 © Guia do Seixal

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