25/08/2005

Filhos de ... emigrantes

O reverendo Pat Robertson, que até já foi candidato à presidência dos Estados Unidos da América, qualificou o Presidente da Venezuela Hugo Chavez como um “perigoso inimigo do seu país” e que por isso “deveria ser assassinado, pois a sua morte seria bastante mais barata do que lançar uma outra guerra”.

Esta declaração foi feita através da televisão para quem o quis ouvir, incitando os seus concidadãos e o mundo à violência, tentando influenciar o poder político para uma intervenção mais dura em relação à Venezuela.

Num país civilizado respeitador dos Direitos Humanos e da soberania de outros estados, o mínimo que se poderia exigir era um pedido de desculpas formais e a condenação pública e judicial de quem faz tais declarações.

Mas não; o governo dos EUA apenas se demarcou dizendo que “eram opiniões pessoais e que isso não passava pela estratégia do executivo americano”. Como se pudessemos acreditar na sinceridade desta gente que praticamente desde que Hugo Chavez foi eleito, têm vindo a provocar convulsões na Venezuela através dos seus “anjos” da CIA, tudo fazendo para lá voltarem a colocar um governo fantoche e assim dominarem a seu belo prazer, tal como o têm feito na maioria dos países da América Latina.

É deste modo que funciona a mentalidade destes pseudo-democratas (ainda por cima religiosos) que se consideram donos do mundo, bastando para tal eliminar fisicamente quem lhes faz frente e não pactua com as suas políticas de domínio absoluto sobre estados soberanos que não se amedrontam com o poder bélico que possuem.

Para eles, filhos de emigrantes – para não lhes chamar filhos de outra coisa – já não lhes bastava terem o espinho de Cuba encravado desde 1959, para agora também se verem confrontados pela Venezuela por possuir um líder destemido e que não se verga perante os poderosos da guerra.

Pobre filhos de emigrantes que, ignorantes como demonstram ser, apenas servem de “carne para canhão”, não percebendo que se estão a auto-destruir e que mais tarde ou mais cedo serão reduzidos à sua insignificância, perdendo algumas das poucas liberdades que ainda têm.

Hoje em dia torna-se difícil que haja alguém em todo o mundo que possa em consciência defender este tipo de estratégia norte-americana, e os que ainda o fazem, é por puro interesse político ou económico olhando apenas para o umbigo e não querendo ver o que se passa à sua volta.

Há mais de uma década já o Presidente Fidel de Castro alertava nas Cimeiras Internacionais para os perigos da globalização e das suas consequências e quase todos consideravam que ele exagerava nas suas previsões.

Está à vista quem errou e quem estava certo.

Celino Cunha Vieira

1997, 2007 © Guia do Seixal

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