28/05/2007

REFLEXÕES – II

BUSH À ESPERA DE UM ESTRONDO

Era a palavra que me vinha à mente. Procurei num dicionário e ali estava de origem onomatopéica e de conotação trágica: "ESTRONDO". Talvez jamais a tenha usado na minha vida.

Bush é uma pessoa apocalíptica. Observo os seus olhos, o seu rosto e a sua obsessiva preocupação por simular que tudo aquilo que vê nas "telas invisíveis" são raciocínios espontâneos. Percebi que a sua voz se quebrava quando respondeu às críticas de seu próprio pai quanto à política que põe em prática no Iraque. Apenas expressa emoções e sempre finge racionalidade. Contudo, conhece o valor de cada frase e de cada palavra no público ao qual se dirige.

O dramático é que aquilo que ele espera que aconteça custe muitas vidas ao povo norte-americano.

Jamais se pode concordar, em qualquer tipo de guerra, com factos que sacrificam civis inocentes. Ninguém poderia justificar os ataques da aviação alemã contra as cidades britânicas durante a Segunda Guerra Mundial, nem os mil bombardeiros que no mais álgido da contenda destruíam sistematicamente cidades alemãs, nem as duas bombas atómicas que num acto de puro terrorismo contra anciãos, mulheres e crianças os Estados Unidos fizeram explodir sobre Hiroshima e Nagasaki.

Bush expressou o seu ódio contra o mundo pobre quando, no dia 1º de junho de 2002, em West Point, falou em atacar preventiva e inesperadamente "60 ou mais escuros cantos do mundo".

Quem vai acreditar agora que os milhares de armas nucleares que possuem, os sistemas de mísseis, os sistemas de direcção precisos e exactos que tem desenvolvido, são para combater o terrorismo? Será que servirão para isso os submarinos sofisticados que constroem os seus aliados britânicos, capazes de circunavegar a Terra sem saírem à superfície e reprogramar os seus mísseis nucleares em pleno vôo? Jamais imaginei que num dia qualquer seriam apresentadas tais justificativas. Com essas armas o imperialismo tenta institucionalizar uma tirania mundial.

Com elas aponta para outras grandes nações que surgem não como adversários militares capazes de superá-lo no tocante à tecnologia de armas de destruição em massa, mas sim como potências económicas que rivalizarão com os Estados Unidos, cujo sistema económico e social consumista, caótico e esbanjador, é absolutamente vulnerável.

O pior do estrondo no qual agora descansam as esperanças de Bush é o antecedente da sua maneira de actuar na altura dos acontecimentos de 11 de Setembro, onde, tendo conhecimento de um iminente golpe sangrento ao povo norte-americano, podendo prevê-lo e até inclusive evitá-lo, entrou de férias com o seu aparelho administrativo completo. Desde o dia em que foi eleito Presidente — graças à fraude que, mesmo como numa república bananeira, levaram a cabo seus amigos da máfia de Miami — e antes da sua tomada de posse, W. Bush recebia informação detalhada com os mesmos dados e pela mesma via que os recebia o Presidente dos Estados Unidos, quem fez a observação. Nesse momento ainda faltavam nove meses para os trágicos acontecimentos simbolizados no derrube das Torres Gémeas.

Se novamente acontecesse algo igual com material explosivo de qualquer tipo, ou de carácter nuclear, visto que existe urânio enriquecido espalhado a granel pelo mundo desde a época da guerra fria, qual o destino provável da humanidade? Tento lembrar-me, examino muitos momentos da sua marcha através dos milénios e pergunto-me:acaso são subjectivos os meus pontos de vista?

Ontem mesmo Bush gabava-se de ter ganho a guerra aos seus adversários no Congresso. Tem cem biliões de dólares, todo o dinheiro que necessita para duplicar, como o deseja, o envio de soldados norte-americanos para o Iraque e continuar a matança, enquanto os problemas na região se agravam.

Qualquer opinião sobre as últimas proezas do Presidente dos Estados Unidos vira fiambre em questão de horas. Será que o povo norte-americano também não pode apanhar pelos cornos este pequeno miúra moral?


Fidel Castro Ruz
25 de Maio de 2007

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